O objetivo deste blog é tornar a discussão em torno do nome do teatro municipal de Ibitinga, mais pública e mais aberta. Para quem está chegando agora, postarei trechos do que já foi debatido nos tópicos da comunidade "Ibitinga" no orkut.
O ponto de divergência é o fato de ter sido nomeado o futuro teatro de "Teatro Municipal Darcy di Biazzi". Darcy di Biazzi, homem honrado, ilustre industrial (padaria e indústria de cones de papelão), mas nunca teve seu nome ligado à cultura. Buscou-se na história de Ibitinga, nomes mais representativo culturalmente e muitos foram sugeridos.
Infelizmente com a prematura morte de Reinaldo Maia, o ibitinguense que mais viveu o teatro, aqui e em São Paulo, não ter seu nome "emprestado" ao nosso teatro acaba sendo algo inconcebível.
Sem a autorização verbal, mas com a espiritual do Serginho Jekemem, vou postar abaixo artigo escrito por ele para o Jornal A Semana On Line de Ibitinga.
"Junto a Reinaldo Maia vai um pouco da história do teatro em Ibitinga. Não há muito que se falar em relação ao teatro em nossa cidade. Na década de 50 esporádicas apresentações circenses, como o circo de Mazzaropi e outros aportaram por aqui. Em 60 ainda era muito forte as apresentações circenses, grandes circos como o Aires, Garcia tinham grandes repercussões, mas corria ainda pelo interior algumas peças, normalmente monólogos, por não exigir cenários e ter custos reduzidos, talvez a mais conhecida tenha sido “As mãos de Eurídice”. Já na passagem dos anos 60 para 70 eram comuns as peças teatrais circenses, quase que obrigatórias antes das apresentações de artistas em destaque na época, principalmente as duplas sertanejas, temos aí o grande compositor Sulino, autor de muitas delas, mas durante a semana os circos se sustentavam com apresentações próprias do tipo “O ébrio” de Gilda de Abreu que tanto sucesso fez com Vicente Celestino. O circo Sinval marcou bastante a época com várias apresentações teatrais, sempre com os mesmos artistas, que na impossibilidade em decorar tantos textos, utilizavam-se da privadinha, aquela cabinezinha na cabeceira do palco onde o contra Jeferson era guitarrista e apresentador, o Embrulhão além palhaço e baterista -regra lia o texto para que o ator repetisse. No Sinval o era também um dos atores, impossível decorarem tantos textos... Na década de 70 começa despontar toda a dramaturgia latente no Reinaldo Maia que perdurou até os dias atuais. Lembro que juntos na Liga Estudantil realizamos a primeira semana universitária de Ibitinga, já prevendo a força da televisão fazíamos um convite para que a população a desligasse um pouquinho e descobrisse outras formas de cultura. Foi uma semana muito rica culturalmente, reunimos no palco, duplas sertanejas da região e o Coralusp sob regência de Benito Juarez. Apresentamos três peças teatrais: “Nem trem, nem elefante” com a Berta Zemmel, Wolney de Assis e Dirceu Rodrigues; “O homem do princípio ao fim” de Millor Fernandes com o Tulc (Teatro Universitário Luis de Queirós) de Piracicaba e encerrando a semana uma apresentação ibitinguense: “Alice” com o Maia, Mareliza Contente, Castilho Marques, Wilsinho Ribeiro e outros que no momento me falha a memória. Tempos depois o mesmo grupo apresentaria “Agora é Pantomima”, sempre com a presença do Maia que continuou dedicando-se ao teatro, seja na Funarte, no palco, no cinema, em seus artigos e palestras por todo esse Brasil, fazendo adaptações e escrevendo, criticando e com participação efetiva na Lei de Fomento ao Teatro Paulista. Maia é um nome nacional. Foi ele quem trouxe ao palco ibitinguense o grande ator global Celso Frateschi, que tive a oportunidade de vê-los juntos no Ruth Escobar em São Paulo em “Dois homens na mina”. Assisti peça do Maia no Teatro Municipal de São Paulo e sempre acompanhei, mesmo que à distância as suas atividades teatros-culturais. Fomos vizinhos em São Paulo, eu na Brigadeiro e ele na Maria José; colegas de Universidade, eu na Letras e ele na Filosofia; companheiros de partido no extinto PCB, participei do lançamento de sua candidatura na boate Som de Cristal na capital. Por essas e por outras posso afirmar que o Maia é o tipo de pessoa que faz falta. Espero que a Secretaria de Cultura de Ibitinga tenha o mesmo empenho e a dedicação com relação ao teatro em nossa cidade. Lembrando que teatro não é caçar níqueis em apresentações escolares, nem somente Via Sacra e Marcelinho, pão e vinho. Teatro é coisa séria! E vocês vereadores, que brigam a pau para nomear parentes em nomes de ruas, prédios, postes, palanque de cerca e onde nomes couberem, muitos sem ter ao menos a hombridade de assumir seus projetos, pedindo para que um colega o faça (consultem os projetos que dão nomes de parentes de vereadores e vejam a autoria, um verdadeiro toca-troca), saibam que por mais que respeite meu amigo Darcy, ninguém mais em Ibitinga mereceria dar nome “ao Teatro ainda a ser inaugurado” que Reinaldo Maia. Eu posso afirmar isso, pois fiz muito mais para o Teatro em Ibitinga do que supõem suas vãs filosofias..."
Sérgio Jekemem