quarta-feira, 13 de maio de 2009

Abaixo-assinado

Foi criado um abaixo-assinado para a troca do nome do futuro teatro de Ibitinga para "Teatro Municipal Reinaldo Maia".

Assinem:

http://www.abaixoassinado.org/assinaturas/assinar/4290

sábado, 9 de maio de 2009

Um homem bom - adeus a Reinaldo Maia

Texto extraído do site do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores/Secretaria de Cultura
Um homem bom - adeus a Reinaldo Maia
por Roberto Gonçalves de Lima

Repentinamente o mundo, sobretudo o mundo do Teatro, recebe a notícia de que não podemos mais contar com Reinaldo Maia.
Vai-se um dramaturgo, diretor e ator que sabia o que fazia por que havia escolhido o que queria fazer. Sabia quem era, onde estava e para onde queria ir
Vai-se um amigo, embora fosse um sujeito chato e até irritante, sempre irônico e quase sempre sarcástico, virtudes de sábio que ele interrompia repentinamente com uma doçura e uma leveza tão surpreendentes e tão emocionantes que deixavam qualquer um perdido.
Vai-se um sujeito que pensava o Teatro e a política para o Teatro com rara competência e lucidez. Que fez política e Teatro de modo a dignificar ambos, como poucos puderam.
Não pude privar da sua companhia tanto quanto gostaria, mas lembro de duas passagens que ilustram bem o que sinto pelo Maia.
Em 1989, durante a campanha do Lula para a presidência...
Eu petista roxo e ele comunista das boas cepas do PCB. O lugar é o antigo Teatro do Bexiga, onde artistas se reuniam toda segunda-feira para planejar a nossa inserção na campanha. Eu sentava sempre ao lado do Maia, justamente porque ele fazia questão de criticar tudo e todos sempre. Às vezes zombando, às vezes indignado, sempre irritado, mas não arredava pé. Entregava papelzinho, colava santinho, ganhava voto aqui e ali, mas achava que estava tudo errado. Tudo errado e ele lá. Lutando.

Ouro episódio...
Eu, à época secretário estadual de cultura do PT/SP, organizo com a turma um encontro em Osasco. A coisa se deu em um salão paroquial num dia de calor desumano que vencia sem dificuldade os muitos ventiladores ligados.

Só petistas na platéia, ou quase isso. Muitos gestores municipais de cultura em começo de trabalho. Levamos o Maia pra falar sobre o que quisesse. Maia falou do papel do artista e da arte como fatores de transformação do mundo, falou para todos ali que não valia a pena ser secretário de cultura sem lutar diuturnamente por um mundo melhor, e que a Arte era o melhor veículo de que a sociedade dispunha para sua própria transformação.
Eu via naquele ânimo um menino que não estava tentando, mas que sabia que estava efetivamente transformando o mundo ali e naquela hora.
Ao receber a notícia da morte desse guerreiro pensei que a gente nunca sabe por que os homens conseguem ser bons.
Diante de um mundo onde sagra tanta idiotice, idiotice essa que o Maia acusava sempre com aquele rizinho corrosivo e divertido, como ser um homem bom?

Mais importante é que Maia deixou para uma infinidade de moleques fazedores de Teatro a lembrança de termos tido nele um ponto de referência, um corajoso ponto de referência para todos que quizessem navegar em direção ao tal mundo melhor que ele parecia já ter vislumbrado, e certamente era a nossa cegueira diante dele que o deixava tão divertidamente irritado.

É difícil saber como se faz um homem bom, mas difícil mesmo é aceitar que eles morram.
Maia levou consigo esse mistério.

*Roberto Gonçalves de Lima é dramaturgo e gestor cultural.

Postado pelo Marcelão na comunidade Ibitinga no orkut

domingo, 3 de maio de 2009

Blog do Maia

Esse era o blog do Maia. Conheça-o.
http://r.maia.zip.net/arch2009-04-12_2009-04-18.html

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Reinaldo Maia.

"Fui surpreendido agora à noite ao ler aqui mesmo que o Maia já não estava mais por aqui. Contemporâneo dos anos 60 eu pouco conheci do Maia que veio depois. O Maia do teatro, das palestras, o Maia autor, o Maia beligerante em suas convicções. Raras vezes o encontrei depois daqueles tempos do Ginásio, da Maria José Marotti, etc. Sem noticias nunca fiquei em virtude do outro Maia, o Maia colega no Banco do Brasil, o Maia que sempre encontramos na Avenida Sete de Setembro ou no auto atendimento do BB.
Sei, no entanto, que milhares de pessoas cruzaram por nossas estradas naqueles anos. Mas poucas imagens insistem em não abandonar a arena das memórias. O Maia é uma dessas pessoas. Nunca deixei de admirar sua luta e sua jornada, mesmo que tenhamos seguido caminhos que nos distanciaram.
Lamento não ter tomado conhecimento em tempo hábil. Nos unimos aos familiares e pedimos a Deus por conforto e consolo.
Como bem disse o Coronel.....precisamos reforçar o arquivo da memória de nossa cidade. É muito triste que nos lembremos de ibitinguenses que honraram e ainda honram o nome desta cidade por vários locais do mundo.
Honra a quem merece honra, mesmo que não procurem ou não a queiram. No mínimo é um sinal de respeito.
Quem sabe agora (perdoem a ironia) o Reinaldo se torne nome de rua ou de praça (nada contra). Parece que a única forma ainda vigente de nos lembrarmos do passado e desta maneira. Que a graça de Deus venha sobre todos os familiares. AMEM."
Pr Marcos Lourenço
Postado na comunidade "Ibitinga" no orkut


Um grande amigo

"Boa viagem.
viveu intensamente o seu ideal.
Grande perda.
Participou da vida gremista, do ainda Colégio Estadual e Escola Normal de Ibitinga nos idos dos 65 até os 69.
anos máximos da repressão perpetrado pelo golpe de 64.
Período emblemamático que atinge seu apice 1968.
Quarenta anos depois, 68 continua enigmático, estranho e ambíguo como um adolescente em crise existencial. Ele foi o ano da livre experimentação de drogas. Das garotas de minissaia. Do sexo sem culpa. Da pílula anticoncepcional. Do psicodelismo. Do movimento feminista. Da defesa dos direitos dos homossexuais. Do assassinato de Martin Luther King. Dos protestos contra a Guerra do Vietnã. Da revolta dos estudantes em Paris. Da Primavera de Praga. Da radicalização da luta estudantil e do recrudescimento da ditadura no Brasil. Da tropicália e do cinema marginal brasileiro. Foi, em suma, o ano do “êxtase da História”, para citar uma frase do sociólogo francês Edgar Morin, um dos pensadores mais importantes do século XX. Foi um ano que, por seus excessos, marcou a humanidade. As utopias criadas em 68 podem não ter se realizado. Mas mudaram para sempre a forma como encaramos a vida.
Maia nunca se drogou, não tinha tempo para essas burrices, mas se entregava a leitura, a luta, ao posicionamento político, ao conhecimento.
diziamos na época que era o nosso rebelde favorito."

José Ruy Correa

Postado na comunidade "Ibitinga" no orkut

Vamos em qual teatro?

O objetivo deste blog é tornar a discussão em torno do nome do teatro municipal de Ibitinga, mais pública e mais aberta. Para quem está chegando agora, postarei trechos do que já foi debatido nos tópicos da comunidade "Ibitinga" no orkut.
O ponto de divergência é o fato de ter sido nomeado o futuro teatro de "Teatro Municipal Darcy di Biazzi". Darcy di Biazzi, homem honrado, ilustre industrial (padaria e indústria de cones de papelão), mas nunca teve seu nome ligado à cultura. Buscou-se na história de Ibitinga, nomes mais representativo culturalmente e muitos foram sugeridos.
Infelizmente com a prematura morte de Reinaldo Maia, o ibitinguense que mais viveu o teatro, aqui e em São Paulo, não ter seu nome "emprestado" ao nosso teatro acaba sendo algo inconcebível.
Sem a autorização verbal, mas com a espiritual do Serginho Jekemem, vou postar abaixo artigo escrito por ele para o Jornal A Semana On Line de Ibitinga.


"Junto a Reinaldo Maia vai um pouco da história do teatro em Ibitinga. Não há muito que se falar em relação ao teatro em nossa cidade. Na década de 50 esporádicas apresentações circenses, como o circo de Mazzaropi e outros aportaram por aqui. Em 60 ainda era muito forte as apresentações circenses, grandes circos como o Aires, Garcia tinham grandes repercussões, mas corria ainda pelo interior algumas peças, normalmente monólogos, por não exigir cenários e ter custos reduzidos, talvez a mais conhecida tenha sido “As mãos de Eurídice”. Já na passagem dos anos 60 para 70 eram comuns as peças teatrais circenses, quase que obrigatórias antes das apresentações de artistas em destaque na época, principalmente as duplas sertanejas, temos aí o grande compositor Sulino, autor de muitas delas, mas durante a semana os circos se sustentavam com apresentações próprias do tipo “O ébrio” de Gilda de Abreu que tanto sucesso fez com Vicente Celestino. O circo Sinval marcou bastante a época com várias apresentações teatrais, sempre com os mesmos artistas, que na impossibilidade em decorar tantos textos, utilizavam-se da privadinha, aquela cabinezinha na cabeceira do palco onde o contra Jeferson era guitarrista e apresentador, o Embrulhão além palhaço e baterista -regra lia o texto para que o ator repetisse. No Sinval o era também um dos atores, impossível decorarem tantos textos... Na década de 70 começa despontar toda a dramaturgia latente no Reinaldo Maia que perdurou até os dias atuais. Lembro que juntos na Liga Estudantil realizamos a primeira semana universitária de Ibitinga, já prevendo a força da televisão fazíamos um convite para que a população a desligasse um pouquinho e descobrisse outras formas de cultura. Foi uma semana muito rica culturalmente, reunimos no palco, duplas sertanejas da região e o Coralusp sob regência de Benito Juarez. Apresentamos três peças teatrais: “Nem trem, nem elefante” com a Berta Zemmel, Wolney de Assis e Dirceu Rodrigues; “O homem do princípio ao fim” de Millor Fernandes com o Tulc (Teatro Universitário Luis de Queirós) de Piracicaba e encerrando a semana uma apresentação ibitinguense: “Alice” com o Maia, Mareliza Contente, Castilho Marques, Wilsinho Ribeiro e outros que no momento me falha a memória. Tempos depois o mesmo grupo apresentaria “Agora é Pantomima”, sempre com a presença do Maia que continuou dedicando-se ao teatro, seja na Funarte, no palco, no cinema, em seus artigos e palestras por todo esse Brasil, fazendo adaptações e escrevendo, criticando e com participação efetiva na Lei de Fomento ao Teatro Paulista. Maia é um nome nacional. Foi ele quem trouxe ao palco ibitinguense o grande ator global Celso Frateschi, que tive a oportunidade de vê-los juntos no Ruth Escobar em São Paulo em “Dois homens na mina”. Assisti peça do Maia no Teatro Municipal de São Paulo e sempre acompanhei, mesmo que à distância as suas atividades teatros-culturais. Fomos vizinhos em São Paulo, eu na Brigadeiro e ele na Maria José; colegas de Universidade, eu na Letras e ele na Filosofia; companheiros de partido no extinto PCB, participei do lançamento de sua candidatura na boate Som de Cristal na capital. Por essas e por outras posso afirmar que o Maia é o tipo de pessoa que faz falta. Espero que a Secretaria de Cultura de Ibitinga tenha o mesmo empenho e a dedicação com relação ao teatro em nossa cidade. Lembrando que teatro não é caçar níqueis em apresentações escolares, nem somente Via Sacra e Marcelinho, pão e vinho. Teatro é coisa séria! E vocês vereadores, que brigam a pau para nomear parentes em nomes de ruas, prédios, postes, palanque de cerca e onde nomes couberem, muitos sem ter ao menos a hombridade de assumir seus projetos, pedindo para que um colega o faça (consultem os projetos que dão nomes de parentes de vereadores e vejam a autoria, um verdadeiro toca-troca), saibam que por mais que respeite meu amigo Darcy, ninguém mais em Ibitinga mereceria dar nome “ao Teatro ainda a ser inaugurado” que Reinaldo Maia. Eu posso afirmar isso, pois fiz muito mais para o Teatro em Ibitinga do que supõem suas vãs filosofias..."
Sérgio Jekemem